Baterias de íons de lítio estão revolucionando o mercado energético brasileiro

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Estudo revela que país está abrindo as portas para a tecnologia e que embora ainda esteja lento, a adesão tem boas perspectivas e pode servir como alternativa importante na matriz energética

As rápidas reduções de custos provenientes da produção em volume de baterias de íons de lítio (Li) estão abrindo portas para uma transformação significativa no mercado de energia do Brasil. De acordo com um estudo recente, a economia dos mercados de energia em todo o país está gradativamente se apoiando no armazenamento de energia eletroquímica, com os sistemas de armazenamento de energia de bateria (BESS) desempenhando um papel crucial nesse cenário.

Os BESS não só oferecem suporte de tensão e frequência, arbitragem tarifária e redução de picos, como também aumentam a confiabilidade do sistema. Essa versatilidade está impulsionando a adoção desses sistemas, que se mostram essenciais para justificar os custos ainda elevados de armazenamento. Nos mercados de energia brasileiros, em particular, o deslocamento da carga nos horários de pico é a aplicação principal do BESS, especialmente para consumidores de média tensão.

Um estudo de caso realizado em um centro comercial conectado à rede de distribuição de média tensão revelou insights importantes sobre a viabilidade econômica do BESS no Brasil. O BESS analisado opera há mais de dois anos, com um Sistema de Gestão de Energia (EMS) dedicado que otimiza seu desempenho. Surpreendentemente, a função de transferência de carga representou mais de 97% da partilha de receitas, destacando sua importância para a viabilidade econômica do projeto.

No entanto, embora a redução de pico seja crucial para evitar multas por invasão de demanda, não contribuiu significativamente para os benefícios econômicos do BESS neste caso específico, devido a um gerenciamento de carga e contrato de demanda bem equilibrado.

O cenário energético brasileiro oferece uma série de oportunidades e desafios únicos. Com um dos maiores sistemas interligados de transmissão e distribuição do mundo, o Brasil tem mais de 180 mil km em linhas de T&D, atendendo a mais de 99% de sua população. Além disso, a diversificada matriz energética do país, com mais de 85% de participação de energias renováveis, incluindo hidrelétrica, solar, eólica e biomassa, proporciona um ambiente propício para a adoção de tecnologias inovadoras como os BESS.

Os consumidores de energia no Brasil estão divididos em dois grupos principais: o Mercado de Contratação Regulada (MCR) e o Mercado de Contratação Livre (MFC). Enquanto os consumidores do MCR são cativos e estão sujeitos a tarifas reguladas, os do MFC têm flexibilidade para negociar contratos de energia diretamente com fornecedores.

No MCR, os consumidores são tarifados com base nos horários de pico e fora de pico, com o horário de pico geralmente ocorrendo das 18h00 às 20h59. Neste contexto, o deslocamento da carga durante os horários fora de pico se torna uma estratégia fundamental para reduzir custos.

Em suma, o estudo destaca o potencial dos BESS para transformar o mercado energético brasileiro, proporcionando não apenas benefícios econômicos significativos, mas também aumentando a eficiência e a confiabilidade do sistema. Com o avanço contínuo da tecnologia e a otimização das estratégias de operação, espera-se que os BESS desempenhem um papel ainda mais proeminente na transição para uma rede elétrica mais sustentável e resiliente no Brasil.

O estudo completo pode ser acessado pelo link: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2352152X24003384

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